Quando o objetivo é evoluir o desempenho na corrida, trabalhar o limiar anaeróbio do aluno deve estar entre as prioridades no planejamento. Esse ponto fisiológico define até onde ele consegue manter um ritmo forte e eficiente antes que a fadiga se instale. E para desenvolvê-lo de forma estratégica, o uso das zonas de treinamento e modelos de distribuição de intensidade se torna essencial.
Por Que Trabalhar o Limiar Anaeróbio na Corrida?
O limiar anaeróbio é o ponto em que o corpo começa a acumular lactato de forma acelerada. A partir dali, o rendimento tende a cair. Melhorar esse limiar significa permitir que o aluno corra mais rápido por mais tempo — especialmente útil em provas como 5 km, 10 km, meia-maratona e maratona.
Zonas de Treinamento: A Chave para a Evolução
Para alcançar esse objetivo, os treinos precisam estar bem distribuídos em termos de intensidade. As zonas de baixa e moderada intensidade são as mais eficientes para desenvolver esse aspecto na corrida.
Zona 1 – Baixa Intensidade
É a zona abaixo do limiar ventilatório (VT) ou do limiar de lactato (LT).
📌 Na prática com corredores:
- Inclua treinos contínuos leves (rodagens, regenerativos).
- O ritmo deve permitir conversas durante a corrida.
- Deve representar de 70% a 80% do volume semanal.
📈 Principais benefícios:
- Melhora da base aeróbica.
- Aumento da eficiência metabólica.
- Mais volume com menor desgaste físico.
Zona 2 – Intensidade Moderada
Localizada entre o VT e o limiar de compensação respiratória (RCT), essa zona exige mais, sem ultrapassar os limites anaeróbios.
📌 Na prática com corredores:
- Utilizada em treinos como tempo runs e progressivos controlados.
- Ideal para ritmos de prova em 10 km e meia-maratona.
- Volume entre 10% a 20% da semana, bem distribuído.
📈 Ganhos esperados:
- Elevação do limiar anaeróbio.
- Maior capacidade de sustentar ritmos fortes.
- Mais resistência em provas longas.
Modelos de Distribuição de Intensidade para Corrida
Treinamento Polarizado
Foco em muito volume em Zona 1 e menor quantidade em Zona 3 (alta intensidade), com quase nada na Zona 2.
✅ Mais indicado para:
- Corredores com boa base aeróbica.
- Fases específicas de preparação para performance máxima.
Treinamento Piramidal
Mais comum para corredores amadores. A maior parte do treino acontece em Zona 1, com menos tempo em Zona 2 e ainda menos em Zona 3.
✅ Ideal para:
- Corredores iniciantes e intermediários.
- Construção de base e preparo para provas longas.
Conclusão: Como Aplicar no Treinamento do Corredor
Se você quer ajudar seu aluno a melhorar o rendimento nas corridas, desenvolver o limiar anaeróbio com foco em zonas de baixa e moderada intensidade é uma das estratégias mais eficazes. Combine isso com uma abordagem polarizada ou piramidal, conforme o nível do corredor e a fase da periodização.
📋 Dicas práticas:
- Faça testes de campo para identificar os limiares com maior precisão.
- Use frequência cardíaca e percepção de esforço para guiar os treinos.
- Monitore a evolução semanalmente e ajuste conforme a resposta do aluno.
Um bom planejamento, aliado ao conhecimento técnico, transforma um aluno comum em um corredor mais eficiente, com melhor resistência e muito mais confiança para alcançar seus objetivos.